Odontologia e COVID-19!

A covid-19 (coronavirus disease 2019) é uma doença infecciosa causada pelo corona vírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-COV-2) que tem alto poder infectante, contudo ainda há muito a saber de como esta transmissão ocorre, por quanto tempo permanece em superfícies em que se deposita o vírus, e quais serão as formas de tratamento instituídas para que sua propagação diminua. Por este motivo, estamos em um período de quarentena(reclusão), para tentar combater seu poder de contaminação em curto período. Os consultórios odontológicos mantém há muito tempo medidas de biossegurança com o objetivo de diminuir a transmissibilidade de outras doenças, tendo em vista que os procedimentos que liberam aerossóis e provocam sangramento, são prática diária dos cirurgiões-dentistas, entretanto por ser uma doença recente e com poucas evidências científicas comprovadas de todas as formas de contaminação e de como a desinfecção eficaz pode dirimir seu curso de propagação, durante este período os atendimentos odontológicos deverão ser ABSOLUTAMENTE para os casos de urgências. As urgências são classificadas como potencial de morte ao paciente. Os outros tratamentos são considerados eletivos, ou seja, podem ser postergados. Seguem abaixo, os tipos e classificação dos tratamentos odontológicos da ADA (American Dental Associaton), 2020. Vamos ter cautela, em tempos de quarentena! Proteção ao paciente, ao profissional e à sociedade! Dra Dulce Helena Cabelho Passarelli


 a) Paciente sem suspeita para COVID-19 e tratamento eletivo – postergar o tratamento odontológico.

b) Paciente com suspeita para COVID-19 e tratamento eletivo – postergar o tratamento odontológico. O paciente com suspeita de COVID-19 deve ser orientado a fazer isolamento domiciliar imediatamente e a procurar serviço de saúde somente em caso de agravamento dos sintomas.

c) Paciente sem suspeita para COVID-19 e tratamento de urgência / emergência

o tratamento odontológico deve ser realizado com precaução padrão e adicionais para toda a equipe (ver item 4 Equipamento de proteção individual – EPI). Se forem necessárias suturas realizá-las com material absorvível. Fazer desinfecção da cadeira odontológica e periféricos ao fim de cada atendimento no consultório odontológico. Descartes de EPI e materiais infectantes no lixo apropriado. Lavagem de mãos. Realizar o suporte necessário após o atendimento de urgência / emergência via telefone, de forma evitar contato com o paciente. O cirurgião-dentista ciente deve orientá-lo a procurar serviço de saúde somente em caso de agravamento dos sintomas.

Definição de urgências odontológicas segundo a American Dental Association (ADA, 2020) As emergências odontológicas de acordo com a ADA, “são potencialmente fatais e requerem tratamento imediato para interromper o sangramento contínuo dos tecidos ou aliviar dores ou infecções graves”.

As condições incluem sangramento descontrolado; celulite ou infecção bacteriana difusa dos tecidos moles com edema intrabucal ou extrabucal que comprometa potencialmente as vias aéreas do paciente; ou trauma envolvendo ossos faciais que potencialmente comprometa as vias aéreas do paciente.

Medidas que devem ser adotadas para o atendimento odontológico de urgência/ emergência de pacientes suspeitos e/ou confirmados para COVID-19:

 Ambulatorial (consultório)

Para o atendimento, recomenda-se a observância rigorosa de todas as precauções indicadas pelo Center Disease Control (CDC) e pelo Manual de biossegurança da ANVISA necessárias para o atendimento. O profissional de saúde é exposto a diversos riscos na sua prática diária. Para minimizar, prevenir ou reduzir estes riscos, é necessária a adoção de medidas, como:

a) Imunização do profissional: Os profissionais da área da saúde, por estarem mais expostos, possuem um risco elevado de contrair doenças infecciosas, por isso devem estar imunizados.

b) Higiene de mãos: Realizar higiene de mãos, preferencialmente com a lavagem rigorosa das mãos com água e sabão ou, com fricção com Álcool em gel a 70% se não estiverem com sujidade visível. Lavar as mãos antes e depois da retirada das luvas. Secar as mãos com papel toalha.

c) Uso de equipamentos de proteção individual (EPI): Proteger membranas mucosas de olhos, nariz e boca durante os procedimentos. O equipamento a ser utilizado deve ser selecionado de acordo com o tipo de atendimento. Compreendem as luvas, óculos e/ou proteção facial com máscaras e também viseiras.

Luvas de procedimentos não cirúrgicos devem ser utilizadas quando houver contato das mãos do profissional com pessoas que forem suspeitas de estarem contagiadas pelo COVID-19 ou confirmadas, principalmente se houver risco de contato com sangue, fluidos corporais, secreções, mucosas e pele não íntegra, bem como artigos ou equipamentos contaminados. Lembramos que o uso de luvas não substitui a higiene de mãos.

● Uso de máscara cirúrgica para toda equipe assistencial durante atendimento ao paciente com suspeita ou confirmado para Covid-19. A máscara cirúrgica não deve ser de tecido. Tem que possuir, no mínimo, uma camada interna, e uma camada externa e, obrigatoriamente, um elemento filtrante com eficiência de filtragem de partículas (EFP) > 98% e eficiência de filtragem bacteriológica (BFE) > 95%, além do certificado de aprovação junto ao INMETRO. O seu uso é restrito por um período de até 4 horas, e deve ser trocada porque sua capacidade de filtragem bacteriológica diminui com o tempo. Reafirmando: Máscaras de tecido não são recomendadas.

● Em procedimentos nos quais serão gerados aerossóis, a máscara de escolha, que oferece melhor proteção é a N95 ou PFF2 ou respiradores reutilizáveis que deverão ser limpos e desinfetados a cada paciente, de acordo com recomendações do fabricante. As máscaras deverão ser trocadas a cada paciente ou mais de uma vez no mesmo atendimento quando visivelmente molhadas. O descarte da máscara N95 deve ser feito de acordo com as normas do serviço de saúde em consonância com o serviço de controle de infecção.

● Uso de capote ou avental com mangas longas, punho de malha ou elástico e abertura posterior. Seu material deve ser de boa qualidade, não alergênico e resistente, proporcionar barreira antimicrobiana efetiva (Teste de Eficiência de Filtração Bacteriológica – BFE). Deve ser usado fechado durante todos os procedimentos.

 ● Protetor ocular ou protetor facial devem cobrir a frente e as laterais do rosto, ser de uso exclusivo para cada profissional responsável pela assistência. Após o uso, deve ser limpo e desinfetado com álcool 70% ou outro desinfetante padronizado pelo serviço de saúde para essa finalidade.

● Uso de gorro descartável.

● Os calçados, devem ser fechados e com solado antiderrapante.

d) Procedimentos para diminuir o risco de transmissão aérea

Higienizar previamente a boca do paciente por meio de escovação e/ou bochecho com antisséptico. Fornecer bochechos com Peróxido de Hidrogênio a 1% antes de cada atendimento (O Covid-19 é vulnerável à oxidação). Ambos são recomendados para reduzir a carga viral salivar. A clorexidina é ineficaz contra o novo COVID-19.

● Usar dique de borracha, sempre que o procedimento permitir. Quando o isolamento não for possível, dar preferência a instrumentos manuais para remoção de cáries e uso de extratores de cálculo ao invés de aparelhos ultrassônicos para minimizar a geração de aerossóis. Usar sugadores de alta potência. O trabalho a quatro mãos devem ser estimulado para controle de disseminação.

Evitar o uso da seringa tríplice na sua forma spray, acionando os dois botões ao mesmo tempo. Regular a saída de água de refrigeração.

● Manter o ambiente ventilado.

e) Limpeza e desinfecção de superfícies:

• Manipular cuidadosamente o material perfurocortante.

• Realizar o descarte adequado de resíduos, conforme procedimento operacional padrão (POP).

• Realizar remoção de sujidades com água e detergente neutro e desinfecção de superfícies e objetos rigorosamente no consultório (maçanetas, cadeiras, banheiro) e/ou do ambiente hospitalar. Para realizá-la, sugere-se: Hipoclorito de Sódio a 0,1%, ou Peróxido de Hidrogênio a 0,5%, ou álcool a 70%, ou desinfetante padronizado pelo serviço de saúde para essa finalidade. Todas as superfícies tocadas deverão ser desinfetadas. Observe o uso de barreiras de proteção que devem ser trocadas a cada paciente. Há relatos de sobrevivência do COVID-19 por 2 a 9 dias em superfícies. Durante os procedimentos (com luvas), não atenda telefone, nem abra ou feche portas usando a maçaneta, não toque com as mãos locais passíveis de contaminação.

Tudo que for utilizado no atendimento deverá ser limpo, desinfetado e/ou esterilizado para o atendimento de outro paciente. As peças de mão deverão ser autoclavadas para cada paciente e deverão ter válvulas anti-refluxo.

Os serviços de saúde devem fornecer capacitação para todos os profissionais de saúde (próprios ou terceirizados) quanto às medidas de precaução e uso correto de EPI (paramentação e desparamentação).

FONTE: http://website.cfo.org.br/wp-content/uploads/2020/06/recomendacoes-amib-cfo-junho-2020.pdf